Friday, October 15, 2010

O incomum

A pouco mais de quatro anos me casei com Florença. A conheci quando fui à casa de  minha mãe fazer uma visita. Ela era a nova vizinha. Sempre que eu podia e sobrava tempo, a visitava.
Com o tempo fui apegando-me à ela. Mas depois percebi que não era o que eu esperava. Gostava dela e tudo, mas de uma maneira diferente. Talvez ela não compreendesse o que eu sentia e pensava à respeito das coisas.
Com o tempo nós brigávamos muito. Por motivos bobos, mas sempre encontrávamos tempo para isso.
Ela tinha depressão, depois que o nosso filho nasceu morto.
Pedi a separação, porque descobri que sou gay.
Foi há pouco tempo. Marcos, amigo de Florença era gay. Nunca fui com a cara dele, pra falar a verdade, mas de uns tempos pra cá, tivemos de fazer muitas coisas juntos. Comecei a observá-lo de uma outra maneira. Uma maneira à qual nem eu acreditava que pudesse estar acontecendo. Era uma estranheza sem tamanho.
Muitas vezes eu o olhava e nossos olharem encontravam-se e eu, desviava de uma maneira nada discreta.
Não quis contar nada à Florença. Ela já estava muito doente; tinha pensado até em suicídio, mas não teve coragem de levar até o fim. Imagina se eu contasse, ainda mais com seu grande amigo.
Não queria mentir. Então omiti os fatos.
Ele era fotógrafo e eu, um jornalista.
Foi em nosso 4º trabalho que houve nosso primeiro beijo.
Eu, depois, não sabia o que dizer. A situação era estranha. Nunca havia passado por isso antes;e de repente já estava apaixonado.
Florença sempre me perguntara se havia feito algo de errado e eu sempre dissera que não.  Ela era perfeita. Mas não para mim. Acho que o 'problema' estava comigo...

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