Wednesday, May 27, 2015

Avalanche

Hoje eu sonhei e não queria abrir mais os olhos. Fiquei deitada na cama, tentando voltar para o mesmo sonho, mas foi inútil. Eu estava cara a cara com a realidade.
Quase nunca escrevo corrido.
Corrido é o tempo que se perde quando você não está.
Você sumiu. Não responde.
O meu céu hoje é roxo.
Como a dor que habita em mim.
Escrever purifica um pouco a alma, mas não faz a dor sumir... é só um esconderijo.
Esconderijo cinzento e baixo, com pétalas azuis de uma orquídea que um dia foi bonita... que um dia embelezou e trouxe alegria para aquele cantinho pequeno e claro que eu imaginava... que eu sempre imaginava.
É tão estranho viver no singular depois de um plural intenso e bonito.
Eu queria ser mais forte, mas eu não estou conseguindo.
Eu não sei.
Te vejo muito longe, caminhando por entre uma cidade que te engole.
Deus, tende piedade de mim
As orações me falham...
As palavras surgem e desaparecem no ar.
Eu não posso chorar. Meus olhos vão ficar inchados e feios.
Até hoje os cílios mais bonitos, são os seus.
Eu estou dentro dos seus olhos e isso era tão lindo
Minha alma escorre e deixa transbordar um vermelho queimado e esquecido

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