Friday, August 6, 2010

O gato sem rabo e a senhorinha

Ainda lembro dos jogos de baralho, dos bolos só para mim; de quando eu não queria comer e tinham de fazer casinhas para eu em distrair. Ainda lembro do velho cheiro de baralho. Da essência que nele está presente. A sua essência. Por coincidência, o mesmo dia. Trocávamos presentes.Lembro de quando falava sobre aulas de etiqueta.
Sempre impecável.
É doloroso saber que não mais poderei ver-te. É doloroso saber que não terei mais o seu abraço ou paparicos. Tudo tão de repente.
Ainda lembro do seu último olhar. Sabia que queria dizer-me algo, mas não deu tempo. Pude apenas sentir um ardor em meu coração, a tristeza e a saudade.
Não era letrada, mas sabia muito mais coisas do que alguém que conhecesse o abecedário de ponta à ponta.
Lembro e ainda procuro a mesma água de cheiro que usava.
Seu gato, sem rabo; mas o gato mais lindo de todos e mansinho.
Em minha memória, até quando eu parar de respirar.

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