Thursday, July 1, 2010

Instante

Não podia ser! Ouvi alguém dizer: voe...voe.
Mas como voar, se não tenho asas?
A voz me segue para onde quer que eu vá. Não ouço outra coisa além disso.
O que querem que eu faça?
Fingir que eu sou um anjo?É pedir demais.
Estava me dando sono, então, não fiz nada além do nada.  Tomei banho e fiquei assistindo à um programa de culinária até me dar sono.
Adormeci.
A voz não cessava...
Meus ombros doíam muito.. pareciam que algo deveria sair de lá.
Tomei então um relaxante muscular para ver se a dor acabava.
Parou.
Mas em algumas horas voltou, e com mais força.
O que estava havendo? Não conseguia mais dormir. Acordei e fui tomar outro banho quente, em quente para ver se melhorava.
Tirei a roupa e liguei o chuveiro. Esperei a água esquentar. Molhei meu rosto com aquela água quente. Ah! como era bom aquilo..Logo após, molhei meus cabelos..e tentei não pensar na dor.
Deixei a água cair no local e fechei os olhos. A dor estava melhorando.
Passei o shampoo, esfregando meus cabelos ruivos;abri os olhos e vi algo vermelho escorrer por entre meus dedos. Era sangue..
A voz continuava: voe, voe.
Voar como? -  pensei.
Desliguei o chuveiro. enrolei-me na toalha branca e saí correndo para meu quarto, onde havia um enorme espelho pendurado na parede, ao lado da minha cama.
Virei-me, coloquei o cabelo para o lado e olhei para o espelho. Havia um corte imenso..
Vesti uma roupa qualquer e fui tomar café numa padaria na esquina.
A rua estava vazia. Era feriado, quase ninguém na cidade, pouco movimento.
Pedi meu café puro. Tomei. Minha mão começou a tremer e minhas costas a doerem.
O que era aquilo? Estava doendo muito.
Algo começou a sair de lá.Algo branco.
Eram asas.
Asas brancas, enormes e lindas.
Parecia que eu já sabia o manual de instruções.
A mesma voz ainda estava presente.
Aquela sensação era muito boa. Voar para o infinito, ver toda a cidade alí de cima.
Deitar nas nuvens..
Ver o que antes eu não enxergava.
Apenas voar e não pensar
O pensar naquele momento era o nada.
Nada além do nada.

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