Wednesday, May 19, 2010
Estrada em duas cores
Doía.
Doía muito.
Pressionei sobre minha barriga e quando notei, havia muito sangue. Licor humano que pingava em minha roupa, elixir da vida que eu havia perdido.
Estava fraca, podia sentir isso. Sabia minha situação...
Eu estava ofegante, mas sabia: Não iria durar muito.
Haviam muitas pessoas ao meu redor. Pronunciando meu nome, questionando o que havia acontecido, mas eu era incapaz de responder, apenas continuava forçando contra meu tórax e vendo toda minha vida jorrar.
Havia passado do sensível ao inteligível.
Acordei em um lugar, aparentemente estranho. Eu estava vestida toda de branco. Toquei minha barriga e não havia mais sangue. Não sentia mais dor alguma.
Tudo era branco.
Estava descalça.
Caminhei até o outro lado.
Não sentia nem frio, nem calor.
Lá havia um sofá branco. Eu estava exausta.Decidi então descansar por algumas horas.
Ao acordar notei que no chão ao lado do sofá branco havia um pote de tinta preta e azul.
Fiquei me perguntando porque havia aquelas tintas ali?
Será que era para eu escrever algo, desenhar?
Fui me aproximando, de uma maneira cautelosa e ao lado das latas de tinta estavam um papel branco, dentro de um envelope branco, lá estava o meu nome.
No bilhete, haviam duas perguntas:
" Quem é você" e " Como veio parar aqui"
Olhei aquilo com olhares precisos para ver se não haviam mais detalhes importantes.
Não havia mais nada.
Apenas duas perguntas.
Abri as latas, mergulhei o indicador direito na tinta preta e escrevi na parede.
Agora a tinta preta escorria pela parede branca e pingava no chão, que também era branco.
Eu não entendia nada do que houvera comigo e naquele lugar e tudo. Não sabia onde estava e como fui parar lá. O que sabia era apenas que eu estava ali, sozinha e mais nada.
Não havia ninguém ali.
O que será que tinha acontecido comigo?
Será que morri?
Mas se eu estivesse morta, não estaria pensando agora...ou estaria?
Será que era possível?
Como é possível? Não há como..
Mas como aquela mancha de sangue que estava em minha roupa desaparecera e eu não sentira mais dor alguma?
Como de uma hora para outra havia mudado de roupa?
E aquele lugar?
Eu nunca havia visto algo tão elo como aquele lugar.
Era todo branco, mas ainda sim tinha uma beleza..
Decidi dar vida ao que era branco, de uma maneira nada convencional.
Mergulhei meu cabelo na lata de tinta azul e balancei meus cabelos até que pudessem colorir a parede branca. "Abstracionismo, a arte do nada", foi o que escrevi no rodapé da parede com tinta preta.
Agora ali havia vida, haviam cores. Ao menos duas.
As pontas do meu cabelo agora eram azuis.
Azuis como o céu. Azuis como a calmaria e a beleza neles presente.
Era belo. Mágico.
Afastei as latas de tinta para o canto da parede, derramei toda a lata de tinta preta, molhei os dois pés naquela tinta gelada e fui andando. As pegadas não haviam como apagar. Eu sabia que elas estavam ali e que não iriam sair tão facilmente.
Fui caminhando e caminhando sem olhar pra trás.
À minha frente havia um grande espelho que ocupada a parede toda. Daquele espelho eu podia ver o desenho na parede, meus cabelos azuis, meus pés descalços,minha roupa branca, minha pele manchada de tinta.
As paredes ao redor, iam-se colorindo ao meu passo.
O sofá já não era mais branco.
Fazendo meu próprio destino, decidir caminhar até onde o infinito me levar.
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que texto liiiiiiiiiiiindo ! Você tem o dom amigaa!
ReplyDeleteCada vez melhor! Parabéns Lah, adorei!
ReplyDeleteDIZER O QUE?
ReplyDeleteestou aki por causa da minha amiga ^^
ela é como este texto diz muitas coisas =P
porém não conseguimos viver longe ^^
♥LAIS♥
PRONTIN >.<
BJO...